com a palavra

Com a Palavra - Milton Seligman

Luisa Neves

Fotos: Arquivo Pessoal/No início de 2017, Seligman assumiu a coordenação do Programa de Cursos em Gestão e Políticas Públicas de Insper


Ele nasceu em Santa Maria, em agosto de 1951, e se orgulha das referências que daqui recebeu. Aos 66 anos, o filho de Salomão e de Teresa Seligman mantém suas memórias escolares marcadas pelos anos vividos no Instituto de Educação Olavo Bilac, no Colégio Professora Maria Rocha e no Colégio Santa Maria. Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1974, Milton Seligman sempre aceitou desafios, entre eles, deixar a terra natal e ocupar cargos de grande representatividade no Brasil. Casado há 42 anos com Maria da Graça Benaduce Seligman, Milton tem dois filhos, Felipe e Catarina, e uma neta, Violeta, filha de Felipe e Helena Gressler, sua nora. Gremista apaixonado, nesta entrevista, ele fala de suas memórias.

Diário - Onde começou sua trajetória profissional? 
Milton Seligman - Eu trabalho desde muito jovem. Fui professor de natação e desenhista de plantas. Meu primeiro emprego como engenheiro foi na Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), onde já fazia estágio desde o ano anterior a minha formatura. Depois disso, ainda no setor elétrico, fui para as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) e para a Eletronorte, em Brasília, que é definitivamente a minha segunda cidade. Neste tempo todo, trabalhei no setor público, em ONGs e em companhias privadas. 

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Diário - Como resume o período em que atuou no setor público? 
Seligman - No setor público, exerci diferentes funções administrativas. No governo José Sarney, em 1985, fui assessor para Assuntos Legislativos do Ministério da Agricultura, onde trabalhei com o senador Pedro Simon. Em 1988,ainda no governo Sarney, fui chefe de Gabinete do Ministro da Ciência e Tecnologia, na gestão do governador Luis Henrique da Silveira. Já na administração do presidente Fernando Henrique Cardoso, fui secretário executivo do Ministério da Justiça, na gestão do santa-mariense Nelson Jobim, a quem sucedi por breve período como ministro da Justiça. Posteriormente, fui presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), secretário executivo do Programa Comunidade Solidária, com a Dra. Ruth Cardoso, e secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Por três anos, fui diretor de Projetos da ONG Inter Press Service, uma agência internacional de notícias com sede em Roma, na Itália, onde moramos por três maravilhosos anos. Ainda no setorprivado, fui vice-presidente de Relações Corporativas da Ambev para a América Latina por 13 anos. 

Com os filhos, Felipe e Catarina, em Brasília


Diário - Seu pai era gaúcho e sua mãe polonesa. Essas culturas influenciaram em sua educação?
Seligman - Fui educado em uma família judaica, bastante integrada com as tradições brasileiras e gaúchas. Meu pai, Salomão Seligman, nascido em Santa Maria, era médico e foi do grupo dos primeiros professores da Faculdade de Medicina da UFSM. Minha mãe, Teresa Seligman, nasceu na Polônia e imigrou para o Brasil com sete anos de idade. Minha mãe entrou no setor público por concurso e trabalhou no Instituto de Resseguros, no Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (Iapi) e nos seus órgãos sucessores, até se aposentar. Depois disso, iniciou carreira na iniciativa privada, como dirigente da A Facilitadora, uma empresa criada por meu avô e seus irmãos, que funcionava na primeira quadra da Dr. Bozano. Tenho duas irmãs, a Miriam Seligman de Menezes e a Rosana Seligman, ambas casadas com santa-marienses. Meus cunhados são o Marco Aurélio de Menezes e o Adinei Trevisan Schneider. Certamente, nossa educação é resultado de duas culturas caracterizadas pelo trabalho e pela busca do conhecimento, ou seja, nossa prioridade era estudar. 

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Diário - Qual é a sua definição de Santa Maria e do que mais sente saudades quando se refere à terra natal? 
Seligman - Santa Maria é a minha aldeia. Nesta expressão, identifico-me na frase de Tolstói: fale de sua aldeia e estarás falando do mundo. Tudo o que acontece na cidade, de bom e de ruim, me diz respeito. Santa Maria me deu tudo e eu sou muito grato por isso. O meu mundo começa em Santa Maria e a minha relação com a cidade e sua gente nunca foi rompida. Tenho saudade dos amigos e das pessoas queridas que se foram para outros lugares e para outras dimensões. Volto com frequência para visitar minha mãe, minha irmã e cunhado e meus sobrinhos que vivem em Santa Maria. Reforço que sempre estarei à disposição da minha cidade. 

Com a esposa Maria da Graça. Casados há 42 anos


Diário - Foi em Santa Maria também que conheceu Maria da Graça. Como foi? 
Seligman - Conheci a Graça no baile de debutantes do Avenida Tênis Clube (ATC), em 1967. À época, o salão de festas estava sendo construído e foi como uma pré-inauguração. Meu pai era dirigente do clube e minha irmã Míriam também debutava. Uma noite, meu pai nos trouxe as fotos das debutantes e eu disse, apontando para a Graça: "Ela é a mais bonita. Vou dançar com ela". Logo, começamos a namorar e, aos pouquinhos ganhei outra família: Seu Miguel Benaduce e Dona Leonilda Scavone Benaduce, que eram proprietários da Casa das Missangas, na Dr. Bozano, perto da pracinha. Ganhei ainda mais duas irmãs, a Vera Lucia e a Catia. Graça e eu casamos em 1975, em Santa Maria, e seguimos construindo a nossa família. 

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Diário - O senhor mora em Brasília. Que funções exerce atualmente? 
Seligman - Desde o início de 2001, dividimos nossas vidas entre Brasília e São Paulo. Minhas atividades na Ambev sempre me fizeram viajar entre essas duas cidades. Finalmente, minha filha Catarina e meu genro Rafael Palmeira estabeleceram-se em São Paulo e, com isso, consolidamos a ideia de que moramos nas duas cidades. Tenho ainda um filho, uma norae, principalmente, a neta morando em Boston, nos Estados Unidos. Desta forma, passamos um tempo lá também. Depois da Ambev, onde me aposentei em 2013, assumi conselhos de entidades filantrópicas e, sem fins lucrativos, comecei a dar aula no Insper, em São Paulo. Além disso, com outros autores, estou terminando um livro. No início de 2017, assumi a coordenação do Programa de Cursos em Gestão e Políticas Públicas do Insper. Desde 2015, sou Global Fellow do Brazil Institute do Woodrow Wilson Center, em Washington/DC nos USA. 

Com a neta Violeta, comemorando a vitória do time do coração na Copa Libertadores da América


Diário - Então, o senhor é um torcedor apaixonado. 
Seligman - Tenho várias paixões, além da família e do trabalho. O Grêmio e o tênis são duas delas, por exemplo. Estou ainda em êxtase com o tricampeonato da América. Tênis é o meu esporte, como atleta e como militante de um projeto para criar uma geração de tenistas brasileiros que seja competitiva em padrão global. Esse projeto chama-se Instituto Tênis e já tem o seu braço no Rio Grande do Sul. Além de esportes, sou um leitor permanente e adoro música, em especial instrumental. Frequento concertos de música clássica e jazz. 



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